Informar o CPF em farmácias está alimentando a geração de anúncios e vendas?
O fornecimento do CPF nas farmácias brasileiras tem se tornado uma prática comum, mas poucos consumidores conhecem o verdadeiro impacto dessa ação. Ao compartilhar seus dados, os clientes estão contribuindo para um modelo de negócios que utiliza informações pessoais para gerar anúncios segmentados e lucros bilionários. Segundo a jornalista Amanda Rossi, as farmácias, em especial a RaiaDrogasil, coletam dados que vão além das compras, incluindo informações sobre saúde, medicamentos e métodos contraceptivos.
Estima-se que 97% dos clientes fornecem o CPF sem hesitar. Isso permite que as farmácias armazenem informações de aproximadamente 48 milhões de consumidores, categorizando-os em perfis detalhados para campanhas publicitárias. O resultado disso? Descontos que podem parecer vantajosos, mas que, muitas vezes, vêm acompanhados de preços inflacionados. Um exemplo citado é o medicamento nimesulida, que custa R$ 31,78 sem CPF e R$ 8,50 com o documento. No entanto, hospitais e órgãos públicos conseguem adquiri-lo por preços ainda menores.
Além disso, o uso de dados sensíveis levanta questões éticas e legais. A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) exige uma proteção mais rigorosa para informações de saúde, embora a RaiaDrogasil afirme que seus dados são anonimizados. Isso gera desconfiança sobre a efetividade dessa anonimização.
Os consumidores têm o direito de saber quais informações estão sendo mantidas pelas farmácias. A LGPD garante acesso ao histórico de compras e a possibilidade de solicitar a exclusão de dados. Para isso, basta entrar em contato com o SAC da farmácia e mencionar que está exercendo seus direitos sob a lei.